KISY: a economista que largou tudo para ser promoter

Por Lucas Arnaud Foto Rafael Romano

Tendo abandonado uma carreira sólida em Economia, Kisy Momoli encontrou sua vocação como promoter do Warung Beach Club em 2004, função que exerce há 12 anos. No início, em uma época em que a música eletrônica era muito menos difundida no país, ela se destacou e virou referência, atuando em eventos como Winter Festival Gramado, House Ship, Winterplay, MOB, Creamfields e Rio Music Conference. Ela nos conta a seguir um pouco dessa história.

HOUSE MAG – Como foi a mudança de estilo de vida para a noite?

KISY MOMOLI – Meu contato profissional foi por acaso. Eu trabalhava com Economia havia alguns anos na FGV, tinha um emprego sólido, um plano de carreira e tudo mais que envolve uma empresa desse porte. Nas férias, eu substituía amigas que trabalhavam com promoções de festas quando algo as impossibilitava de cumprir o cronograma. Minha primeira promoção foi uma festa no Warung em dezembro de 2004, mas nunca havia ido ao club e nem tinha o hábito de frequentar festas. Foi quando descobri uma habilidade em me relacionar com as pessoas e um prazer em passar as informações sobre os eventos. De lá para cá, a paixão por essa aptidão fez com que eu optasse por uma mudança radical em meu estilo de vida.

HM – Quais os desafios em ser uma promoter no mercado brasileiro?

KM – O mundo se inova diariamente, hábitos de consumo surgem, mudanças comportamentais das novas gerações, novas formas de relacionamento interpessoal, novos ritmos são criados, alguns desaparecem, outros renascem. Adaptabilidade, insistência e paciência são necessidades latentes no profissional. E o diferencial seria a sensibilidade para o novo, para a vanguarda. Conquistar a excelência é um caminho sem fim, logo o desafio está na renovação e na intensa compreensão do ser humano como ser social.

HM – O Warung Beach Club é um dos clubes de música eletrônica mais famosos do mundo. Qual o “segredo” para esse sucesso?

KM – O Warung é pura entrega, paixão e cultura. Temos uma equipe fixa de valores muito íntegros, com funcionários de longa data. As estratégias de marketing são muito bem delimitadas, pensadas e compartilhadas entre todos. Somos um time e vejo dessa forma a paixão do público pelo Templo: como torcedores de Futebol que amam seus times. O Warung é uma conquista de todos.

HM – Como você vê a presença feminina na cena brasileira da música eletrônica?

KM – Eu sinto muito orgulho! Orgulho das mulheres que se dedicaram, estudaram, profissionalizaram para conseguir um lugar ao sol. Não acredito em sucessos repentinos, pois são muito efêmeros. O atributo beleza, tão ligado ao assunto mulheres, por si só não é suficiente nessa cena. Temos mulheres com sensibilidade incrível para arte, negócios e relação com pessoas hoje em dia.

HM- Alguma mensagem para as mulheres que atuam ou pretendem atuar no mercado da música eletrônica?

KM – Hoje temos a felicidade de viver em um meio em que mulheres e homens são respeitados pela solidez de sua carreira. Desde que exista uma verdade e uma entrega real em seu trabalho, a questão de sexo já não fala mais alto. Minha mensagem seria: vista a camisa, acredite em seus projetos, tenha conteúdo, respeite e exija ser respeitada. O mercado da música eletrônica é tão sério como tantos outros, e você deve guiar sua carreira em prol da arte e do público. 

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