Buscando chamar a atenção da cena brasileira e sem a ajuda de nenhuma autoridade, o Abaré Club, conhecido e respeitado por trazer grandes artistas como Cat Dealers, Gabe, Illusionize, Doozie, D-Nox, Gabriel Boni, Barja, Bruno Furlan, Visage, Sterium, MKJAY entre outros, ao longo de dez anos de existência, vive talvez o momento mais crítico de sua trajetória como club: ele está no leito seco do Rio Tarumã, um dos locais mais turísticos de Manaus, afetados pela seca severa.
Mas de quem é essa culpa? Quem controla o que queima ou não queima, e qual a solução para a seca severa que não atinge somente o rio Tarumã, mas atinge todo o estado do Amazonas, isolando milhares de pessoas, impossibilitando a pesca, a mortandade de peixe. Fora a fumaça que sufoca a população meses ano a ano.
Dessa necessidade de fazer algo a respeito surgiu a ideia de fazer o evento no leito seco do Rio, que chega até 16 metros de profundidade nas épocas mais cheias do ano, como uma forma de gritar mais uma vez por atenção, por socorro. O “Don’t Burn Us” faz uma comparação ao evento Burning Man, mas vai ao contrário da ideia de queimar algo. O evento acontece no dia 20 de Outubro, e vai contar com doze DJs locais, divididos em 18 horas de evento. Além de valorizar a cena local, a organização mostra sua preocupação com o momento climático vivido pelo planeta, portanto não haverá distribuição de garrafas plásticas ou de vidro no evento. Tudo vai ser colocado direto no copo que cada um vai levar. Também haverá um mutirão de reciclagem com os próprios funcionários do Abaré, para esses resíduos após o evento. Gerando um impacto mínimo naquele ecossistema.
Os ingressos são limitados. Adquira aqui.
O idealizador do evento, Diogo Vasconcellos, fala um pouco sobre os impactos sobre as cheias e como isso tem afetado diretamente o futuro do club: “O efeito seca e cheia é normal. Ele é cíclico. A bacia amazônica passa seis meses enchendo e cinco meses descendo, é um processo normal. Porém, em 2023, vivemos uma seca recorde dos últimos 120 anos até então, e esse impacto foi imensurável para nós. O impacto emocional e psicológico geram cicatrizes eternas na gente. Nós dependemos diretamente do rio para trabalhar, e fora a seca, ainda viemos de uma pandemia que precisamos parar o trabalho por alguns anos”.
O “Don’t Burn Us” tem uma conotação política por trás dele. A situação de impotência é grande por trás de todos esses eventos climáticos e a sensibilização do restante do país é menor quando se fala do Norte do país. Para o idealizador do evento, a música eletrônica é uma arma potente para chamar a atenção das pessoas:” Dentro da nossa realidade limitada e sofrendo todas essas consequências, a gente imaginou que a gente podia fazer um protesto em forma de festa e através da música eletrônica chamar a atenção, e alcançar públicos e pessoas que não estão em Manaus, e também para os que estão aqui, mas não tem noção do que se passa, e da dificuldade que as populações ribeirinhas, indígenas e pessoas do interior estão vivendo no pior momento de nossas vidas.” finaliza Diogo.
Por redação